Cozinhar em família: hábito é resgatado e pode elevar vendas. Pesquisa do Ibope para a Nestlé constatou que o brasileiro retomou esse comportamento.

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Os lares brasileiros redescobriram o hábito de cozinhar em família. Ao menos, é o que revela pesquisa recente do Ibope, encomendada pela Nestlé. Segundo os dados, mais de 70% dos respondentes concordam que “cozinhar com a família promove a união de seus membros e fortalece os laços”, além de “trazer mais felicidade à casa”. Em tempos em que se discute tanto o poder das tecnologias em afastar diferentes gerações, essa notícia é reconfortante para a sociedade e também os seus negócios, pois há muitas possibilidades de vendas a partir do resgate desse comportamento.

O dado trazido pela pesquisa levou a Maggi – marca da Nestlé para o segmento de culinários – a lançar a campanha #BoraCozinharJunto, criada em parceria com a agência Pereira & O’Dell. Para a marca, que tem como público justamente pessoas que cozinham, não foi novidade o quanto o hábito de cozinhar em família pode ser saudável. Apesar disso, surpreendeu o volume de pessoas que até podem ter consciência desses benefícios, mas, por motivos variados – como falta de tempo ou até mesmo por não saber cozinhar – deixaram esse hábito de lado.

Segundo a marca, a pesquisa mostrou que o brasileiro reconhece que estar reunido em torno do fogão e da mesa com a família é saudável e importante, mas um grande percentual de pessoas não tem o hábito de fazer isso ou faz. A campanha surgiu exatamente para estimular esses momentos e mostrar que, mesmo com a correria do dia a dia, é possível incluir essa atividade na rotina.

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Como vender mais itens para cozinhar

Mas, a boa notícia trazida pela pesquisa não é só para as famílias que buscam maior união, os supermercadistas que souberem aproveitar o retorno desse hábito podem conquistar o cliente pela emoção e lucrar mais. Para Alessandra Lima, diretora geral da Mind Shopper, é justamente o lado emocional que deve ser explorado nas lojas. “Se preparar a comida em família é um ritual prazeroso, comprar também deve ser.

Quanto mais aproximamos o momento do consumo do momento da compra, mais alto será o tíquete médio”, explica. Porém, para a especialista, essa é uma oportunidade explorada de maneira pontual pelos supermercadistas, apenas sendo aprofundadas pelas redes mais premium.

Para atrair os consumidores com esse hábito, o segredo é investir na experiência e trazer para os pontos de venda a atmosfera de momentos em família e até experiências sensoriais. Rafael D’Andrea, sócio da consultoria ToolboxTM, explica que é possível inovar nas ações mais cotidianas para cumprir esses objetivos de divulgação. “Por exemplo, realizar uma degustação de algo tão trivial como cafés especiais em um contexto de brunch em família”, recomenda.

Para D’Andrea, os supermercados precisam explorar a criação de contexto para o consumidor, algo já bastante trabalhado em outros segmentos de varejo na elaboração de vitrines e nos restaurantes. “A degustação de um produto pode alavancar todo um conjunto de itens se houver contexto, mas atualmente ela apenas influencia nas vendas do próprio produto, o que é uma pena”, disse. “Parte da beleza de vender comida está em criar mundos”, completa ao explicar que as ocasiões de refeições devem ser exploradas: o dia a dia mais comum, a pizza feita em casa para os amigos, o churrasco do final de semana ou a macarronada do domingo.

Na criação desses ambientes, as lojas podem aproveitar a chance para vender produtos que vão além dos ingredientes necessários para a preparação da comida. Livros de receitas, utensílios domésticos e produtos premium como especiarias e temperos podem ser expostos com mais destaque e aumentar as oportunidades de venda.

E se o assunto é a preparação de comida, a ambientação pode usar e abusar de imagens de pratos prontos que despertem o apetite de quem está passando pela loja. Alessandra, da Mind Shopper, também aconselha a investir em demonstradoras. Além da degustação de um produto, elas podem dar dicas de preparo e receitas. “Nesse caso, é melhor uma demonstradora que denote mais experiência do que mulheres muito jovens”, disse.

Quando se fala em criar contexto é fundamental que o supermercadista considere as mudanças na sociedade. Hoje é comum, por exemplo, famílias chefiadas por mulheres enquanto os homens cuidam dos afazeres domésticos. Ao criar contexto e ambientações, os pontos de venda devem refletir essas transformações para que todos os consumidores se identifiquem e se sintam atraídos. “Isso significa abrir a cabeça e esquecer um pouco os paradigmas antigos”, conclui o sócio da ToolboxTM.

Matéria publicada no portal da Revista Supermercado Moderno (www.sm.com.br)

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