CHOCOSONO – Chocolate com melatonina promete noite de sono tranquilo

IMG_0352

A caixa do produto contém 10 gotas de chocolate com 0,21 miligramas de melatonina por unidade.

Imagine comer um chocolate de sobremesa após o jantar e horas depois, ter um sono tranquilo de oito horas. Esta é a proposta do CHOCOSONO, que desenvolveu gotas de chocolate com melatonina. Quem está por trás, é a health tech de bem-estar The Men’s & The Ladies. Além do CHOCOSONO, a empresa possui gomas com melatonina e cosméticos para cabelo e barba.

A ideia do chocolate surgiu enquanto a namorada do co-fundador da The Men’s, Danilo Bertasi, consumia chocolate durante o período de TPM. “Ela já usava a Sleep Gummy, para acordar mais disposta, mas toda vez que tinha TPM, comia chocolate, que é uma caloria vazia. Então pensei em juntar o chocolate com a melatonina”, conta Bertasi.

A caixa do produto contém 10 gotas de chocolate com 0,21 miligramas de melatonina por unidade. O recomendado pela Anvisa é o consumo referente a uma gota por dia. Porém, Bertasi recomenda aos clientes testar a dosagem, entre 1 a 2 mg por dia, ou de 5 a 10 gotas de chocolate.

Já a dosagem de melatonina na Sleep Gummy é dez vezes maior do que o chocolate e é vendida apenas sob prescrição médica.

Lançado na semana passada, as 1.700 unidades disponíveis já foram vendidas. Por enquanto, o produto está esgotado, mas 15 mil unidades serão repostas dentro de 20 dias. Duas caixas, com 10 gotas cada custa 29,90 reais.

“O Chocosono é para um momento de estresse e cansaço. Ajuda na produção de dopamina e serotonina. O chocolate e a melatonina são produtos complementares”, diz o empresário.

Há cerca de 7 meses a empresa recebeu investimento de cerca de 5,6 milhões de reais da Eurofarma e da Adventures, com o intuito de expandir o portfólio e crescer em outros segmentos tais como sono, saúde sexual e mental.

Há cerca de 7 meses a empresa recebeu investimento de cerca de 5,6 milhões de reais da Eurofarma e da Adventures, com o intuito de expandir o portfólio e crescer em outros segmentos tais como sono, saúde sexual e mental.

Com vendas somente através do e-commerce, em breve, o chocolate poderá ser encontrado nas unidades da Drogaria Iguatemi, em São Paulo.

COMENTÁRIO:

Nos causa estranheza o fato do “clain” não está descrito no painel frontal da embalagem, ficando por conta do consumidor entender que a marca CHOCOSONO traduz o benefício. Nos parece, que por falta de uma autorização legal do apelo de saúde por parte da ANVISA, a empresa partiu para uma solução mercadológica. Precisaríamos ver o que consta no verso da embalagem para podermos melhor entender.

“O CHOCOLATE DOS SEUS SONHOS”, slogan descrito no painel frontal, não necessariamente expressa que o produto tem um benefício de saúde, podendo ser aplicado a qualquer chocolate para expressar simplesmente “desejo”.

Fonte: https://exame.com/casual/chocolate-com-melatonina-promete-noite-de-sono-tranquilo/ – Acesso em 07 maio 2022

09 de novembro – 10 horas – CHOCOLATE NA CONFEITARIA BRASILEIRA

JUMAR CONFEITARIAS

10 de novembro – 10 horas – TENDÊNCIAS NA PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA

JUMAR PADARIAS

Atualização da Tabela I – Inclusão de Embalagens

TABELA I – Tendências, Hábitos e Comportamentos / Cenário COVID-19 [a coluna EMBALAGEM, representa as implicações para fornecedores e usuários dos diversos tipos de embalagens]

TENDÊNCIA HÁBITO COMPOR-TAMENTO EMBALAGEM
[i] QUARENTENADO NO CASULO Faça você mesmo; cozinhar; trégua ao alimento industrial e ao plástico proteção; bem-estar; cuidado; afeto; segurança; praticidade; medo Ganha importância como elemento de proteção e segurança; rotulagem clara e eficiente; embalagens dos alimentos industriais que facilitem dosagem, aquecimento, acondicionamento, descarte, reciclagem, etc.; constatação da maior quantidade de embalagens descartadas; deve gerar maior consciência para reciclagem
[ii] ATRAVÉS DAS JANELAS Compras online; streaming e lives (culinários ou não); formatos digitais de relacionamento; banda larga proteção; prudência; segurança; resiliência; medo Compras online recebidas em casa geram mais itens de embalagens para proteção e transporte dos produtos; constatação da maior quantidade de embalagem descartadas; deve gerar maior consciência para reciclagem
[iii] SIMPLES ASSIM Fornecedores e abastecimento local e próximo; pequenos produtores; menos pode ser mais; suprimir etapas compaixão; bem-estar; solidariedade; simplicidade; cuidado; afeto; segurança; confiança; empatia; medo Oportunidade para repensar toda cadeia de embalagem, com especial redução dos materiais = economia circular (redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia); valorização do design; incremento dos materiais biodegradáveis, compostáveis e reutilizáveis
[iv] VIDA IMUNE Alimentação e suprimentos que reforcem a imunidade e o bom humor (mood food); comida saudável e sustentável (orgânica, biodinâmica, integral, vegana) prevenção; bem-estar; biossegurança; prudência; cuidado; proteção; esperança; medo Ganha importância como elemento de proteção e segurança; deve gerar maior consciência para reciclagem
[v] FOOD SERVICE IN HOME Delivery alimentar; afastamento do restaurante a quilo; espaço alimentar readequado; comer fora, mas em casa segurança; distanciamento; precaução; resiliência; cautela; medo Delivery geram mais itens de embalagens para proteção e transporte dos produtos; constatação da maior quantidade de embalagens descartadas; deve gerar maior consciência para reciclagem; novos tipos de embalagens para atender os restaurantes tradicionais, take away (to go), ghost restaurant e grad and go
 [vi] TRADE DOWN Adequação do orçamento familiar através da eliminação e/ou troca de marcas e produtos; priorizar o essencial economia, segurança; confiança; cautela; medo Readequação das embalagens dos alimentos industrializados, trazendo inovações, alternativas de materiais e reduções de custos; embalagens menores
[vii] PARA MIM, PARA OS MEUS Indulgência; beliscar; mais doce; mais chocolate; álcool para a mão e para a cabeça; fantasia afeto; autopiedade; reconhecimento; fuga; medo Constatação da maior quantidade de embalagens descartadas; deve gerar maior consciência para reciclagem
[viii] ENTRE MÃES E MÉDICOS O equilíbrio entre a comida feita em casa e livre de restrições (liberdade + prazer + sabor) e a medicalização do alimento disseminada por médicos e nutricionista (restrição + imunidade + ciência) dúvida; incerteza; prazer; bem-estar; medo Constatação da maior quantidade de embalagens descartadas; deve gerar maior consciência para reciclagem
[ix] NÃO SOPRE AS VELAS DO BOLO Higiene; lavar as mãos, as compras, os alimentos …; menos cru, mais cozido prevenção; segurança; cuidado; biossegurança; medo Facilidade de higienização passa a ser uma nova e importante função das embalagens; informações de validade e lote resistentes a substâncias químicas e água; sistema de fechamento mais herméticos; bolos já fatiadas e embalados poderão ser a nova maneira de montar um bolo de aniversário com possibilidade de soprar as velas; embalagens devem passar a fazer parte das mesas festivas, não somente com a função decorativa, mas também como função de proteção e segurança; maior uso de embalagens, que implica em maior consciência para uso de matérias biodegradáveis, compostáveis e reutilizáveis e programas de reciclagem

 

  • A Lei 99/2019, sancionado em 13 de janeiro de 2020, pela prefeitura da cidade de São Paulo, proíbe estabelecimentos comerciais de fornecerem utensílios plásticos aos clientes, como copos, facas, garfos, pratos, mexedores de bebida e varas para balões. Os estabelecimentos terão, segundo a lei, até janeiro de 2021 para se adequar à norma.
  • Take away ou to go, termo mais usado em USA, expressam o mesmo tipo de serviço, que tem relação com a compra de alimentos e bebidas, de forma rápida e prática para consumo durante o trajeto do consumidor, mas também podem ser consumidos no local. Em geral são refeições rápidas, tipo café da manhã e lanches.
  • Grad and go, o consumidor “pega” (daí o termo “grad and go”, que em inglês significa pegar e levar) e leva para consumir posteriormente. Os pratos, geralmente, ficam expostos em prateleiras refrigeradas ou aquecidas, usando embalagens práticas e descartáveis, que permitam a visualização. Apresenta refeições variadas, do café da manhã ao jantar. Alguns estabelecimentos têm locais para aquecimento com mesas e cadeiras para o consumo no local.
  • Ghost restaurant, restaurante fantasma, também conhecido como dark kitchen ou restuarante virtual, é um serviço de produção de alimentos que oferece apenas comida para viagem, solicitada por sistema online e entregue através do uso de serviço terceirizado. O consumidor não pode comprar suas refeições pessoalmente nem consumir nos locais de produção. As cozinhas podem ser compartilhas com outros restaurantes.

A ALIMENTAÇÃO NA CIDADE EM TEMPOS DE PANDEMIAS: TENDÊNCIAS, HÁBITOS E COMPORTAMENTOS

Goiânia [GO] - Eliseu

Goiânia [GO] – Eliseu

João Pessoa [PB] - Ricardo

João Pessoa [PB] – Ricardo

Jumar da Silva Pedreira

jumarsp@mfsp.com.br | +55 11 99221-3970 | São Paulo – maio|2020

A cozinha das mães e avós é de valor singular incontestável.

[Carlos Alberto Dória, Formação da Culinária Brasileira]

O ato de cozinhar começa com pequenos ou grandes atos de destruição: matar, cortar, fatiar, triturar.

[Michael Pollan, Cozinhar]

Cozinhar serve como uma metáfora da transformação humana da natureza crua para a cultura cozida.

[Claude Lévi-Strauss, O Cru e o Cozido]

São Paulo [SP] - Chico

São Paulo [SP] – Chico

Salvador [BA] - Dina

Salvador [BA] – Dina

O que irá comer, alimentar-se, a cidade em tempos de pandemias e pós-pandemias é uma pergunta que será respondida ao longo do tempo, não existindo ainda uma resposta concreta. Não estamos nos referindo especificamente a pandemia do COVID-19, estamos falando de pandemias no plural. Os efeitos sociais, emocionais e financeiros que estamos vivendo nos diversos tipos de confinamentos, geram mudanças duradouras no nosso comportamento alimentar. Sairemos do confinamento com medo, porém, mais fortes e mais preparados para outras realidades pandêmicas, até então consideradas apenas em filmes de ficção. Nossa geração irá viver sob um medo latente de novas possíveis pandemias, e esse fato já é suficiente, ou deveria ser, para que tendências e hábitos alimentares sejam repensados, assim como outras pandemias mudaram o mundo.

Ainda estamos no início do processo — não no meio, não no fim, mas no início. Por isso talvez não seja tão claro. Mas a história o mostra. A Peste Bubônica, que tomou o planeta na virada da década de 1340 para 1350, deixou uma Europa transformada. […]. O humanismo tomou as rédeas, a Idade Média foi sendo deixada para trás conforme o saber científico ganhou valor e uma arte com o humano no centro […]. A virada para a Renascença, numa época em que os ritmos eram todos muito lentos, foi a maior herança da maior de todas as pandemias. […]. Quando entre 1919 e 20 a primeira influenza girou o mundo apelidada de Gripe Espanhola, transformou o espírito da humanidade. Falamos tão pouco daquela gripe. Entre 1914 e 18, a Primeira Guerra matou entre 15 e 22 milhões pessoas. No ano e meio seguinte, a pandemia levou mais de 50 milhões. Se o mundo anterior era um duma sisudez ainda oitocentista, vestidos que a tudo cobriam e moralidade vitoriana, os anos 1920 foram em tudo diferentes. […]. Foi um tempo de rápido avanço tecnológico, busca acelerada por vida e felicidade, por quebra de normas. Pandemias fazem isso. Aceleram tecnologias que promovem proximidade, mexem nos valores de uma sociedade, reposicionam os critérios sobre o que é importante. Muitos dos sistemas de saúde pública europeus nasceram após a Gripe Espanhola. Pois o mundo já está sendo transformado. Como das outras vezes, haverá transformações na cultura, na economia, nos valores — e tudo movido a tecnologia. […] (MEIO, 2020).

Salvador [BA] - Delorme

Salvador [BA] – Delorme

Igatú [BA] - Marcos

Igatú [BA] – Marcos

Não há um “novo normal” nos esperando na esquina, pois a primeira realidade que nos foi escancarada, é que esse “normal” que estávamos vivendo, de nada nos serve para replicá-lo para um “novo normal”. Vivíamos em um mundo devastado por nosso consumo inconsciente e sofrido pelas diferenças sociais. As tendências, hábitos e comportamentos alimentares dos consumidores, já passam por profundos questionamentos e alinhamentos, ao vivermos e nos alimentarmos em um planeta que passa por um processo inimaginável de adequações do convívio e do relacionamento social, onde a alimentação sempre esteve em um papel protagonista.

Jean-Pierre Poulain[1] afirmou no livro Sociologia da Alimentação, 2006, que

[…] as profundas transformações da organização da cadeia agroalimentar alargam sua concentração nas empresas de porte cada vez maior, afastando os comedores da origem natural dos produtos alimentares, isolando-os de seu meio ambiental natural e social. Assim, a própria natureza do risco alimentar teria se transformado, na medida da transferência parcial da atividade culinária para a indústria (POULAIN, 2006).

Poulain continua muito atual, pois, profundas transformações continuarão na cadeia alimentar, e já estão em formação. Antes da pandemia, observava-se claramente uma busca cada vez maior por produtos orgânicos, como alternativas à carne de origem animal, incluindo insetos como fonte de proteínas, e por compras orientadas à sustentabilidade, mas, com a chegada da pandemia, passamos a conceder uma certa trégua à comida industrial, aos alimentos processados e aos materiais e embalagens plásticos, pois temos a sensação de maior proteção, podemos estocá-los, nos garantindo para uma escassez, que não é descartável na nossa insanidade dos dias de quarentena. Passamos a viver com o medo crescente da comida natural, devido a maior manipulação e ao afastamento obrigatório do nosso meio natural e social, porém, em outro extremo clamamos por maior imunidade, que deveria ser conseguida através de uma comida mais natural, feita em casa, e nesse momento, vivemos uma dualidade dramática que terá reflexo no nosso comportamento alimentar.

Vitória [ES] - Marcos

Vitória [ES] – Marcos

Salvador [BA] - Eliete

Salvador [BA] – Eliete

Abrimos 2020 com a certeza que iríamos na direção das tendências e comportamentos já estudados em um mundo com livre arbítrio para ir e vir, um mundo que tínhamos total controle, um mundo com cidades abertas onde poderíamos decidir onde comer e o que comer, mas esse mesmo mundo nos empurrou ao confinamento obrigatório, seja físico e/ou emocional, em função do COVID-19. O instituto internacional de pesquisa EUROMONITOR publicou em janeiro as 10 Tendências Globais de Consumo 2020, para um mundo sem pandemia, onde uma das tendências reforçava o estar em casa, de forma confortável, livre e opcional, definida como “Nunca precisaremos sair de casa”, e assim descrito:

Durante épocas de incertezas econômicas, políticas ou pessoais, os consumidores são atraídos para os confortos de seus lares. Para relaxar e voltar aos trilhos, os consumidores se isolam em seus espaços pessoais seguros, onde estão livres das distrações do mundo a sua volta. Embora essa tendência não seja nada nova, pela primeira vez os consumidores não querem sair de suas casas e nem precisam. Graças ao acesso à Internet de alta velocidade e serviços e produtos inovadores, os consumidores no mundo todo podem se exercitar, fazer compras, trabalhar e se divertir, tudo isso no conforto de suas Casas multifuncionais. O impacto disso no governo, distribuição e indústrias é profundo e extenso (EUROMONITOR, 2020).

Nunca precisaremos sair de casa” é uma tendência que reforça uma realidade já vivenciada fazem alguns anos, chegando com mais intensidade a uma parcela da população mundial, e quando pensamos em países como o Brasil, essa parcela tende a ser menor, devido, especialmente, ao desnível socioeconômico da população. Não é essencialmente uma novidade. O livro O Relatório Popcorn[2], 1991, cunhou o termo “encasulamento” para definir uma tendência de comportamento do consumidor, já observado desde 1986 (“Estamos nos entocando, estamos nos encavernando, estamos nos escondendo debaixo de cobertas … estamos em casa[3].), em evidência desde então, com relevância nos hábitos e comportamentos dos consumidores e com forte extensão à alimentação. O “encasulamento”, de acordo com O Relatório Popcorn, é definido

[…] como o impulso de ir para dentro quando as coisas ficam muito violentas e assustadoras do lado de fora. Cercar-se de uma concha de segurança, de forma que não se fique à mercê de um mundo cruel e imprevisível. Tem a ver com isolamento e evitação, paz e proteção, conforto e controle – uma espécie de super ninho (O RELATÓRIO POPCORN, 1991).

Rio Novo [MG] - Madalena

Rio Novo [MG] – Madalena

Porto Alegre [RS] - Gilda

Porto Alegre [RS] – Gilda

A tendência não envelheceu, não datou, nada mais adequado para o momento que estamos vivendo, estando disponível, como já descrito, desde 1986 e trazida pelo EUROMONITOR, de forma visionária, no início de 2020. O que mudou foi o motivo que nos empurraram para o casulo, o conceito se mantém igual, porém, independentemente de classes sociais, todos estão de alguma forma encasulados.

A pandemia é uma crise de saúde pública, que traz sérias consequências sociais e econômicas. Quando se trata da alimentação, a biossegurança é um dos pontos centrais, estando no topo das preocupações dos consumidores para obtenção de produtos confiáveis. Estamos no centro do furacão, não sabemos quais as reais consequências e nossa principal preocupação é a luta pela sobrevivência, mas, já temos claros sinais das tendências e hábitos alimentares, iniciando a se desenhar um novo comportamento dos consumidores, descritos na tabela I, reflexo de um mundo pandêmico. Ressaltamos que evoluiremos durante o ano, pesquisando e observando esses dados mutáveis em função do avanço, estabilização e/ou queda do COVID-19. A potência de cada tendência e os reflexos nos hábitos e comportamentos dos consumidores, também estarão diretamente relacionados ao avanço da ciência no combate ao vírus, assim como, todas as demais tendências, já divulgadas por estudiosos, deverão ser cuidadosamente analisadas considerando-se o cenário do coronavírus.

Salvador [BA] - Edvalma

Salvador [BA] – Edvalma

Campina Grande [PB] - Joca

Campina Grande [PB] – Joca

Na investigação inicial, tendo como referência o início da quarentena na cidade de São Paulo, no dia 24 de março, identificamos nove tendências. A primeira e mais importante, é o QUARENTENADO NO CASULO, que representa quem está confinado em casa. A expressão “quarenteners”, usada por jovens nas redes sociais, busca definir o status na quarentena, no encasulamento. Cozinhar, a (re)descoberta do afeto pela cozinha, faça você mesmo e valorização do alimento industrializado são os principais hábitos que emanam do nosso casulo, onde despertam alguns comportamentos como proteção, segurança, praticidade e medo. Seguimos com ATRAVÉS DAS JANELAS, impulso ao mundo online; SIMPLES ASSIM, menos pode ser mais; VIDA IMUNE, alimentos sustentáveis, saudáveis e promotores de imunidade; FOOD SERVICE IN HOME, o distanciamento da alimentação fora do lar, especialmente em restaurantes, padarias, bares e cafeterias; TRADE DOWN, eliminação e/ou substituição de marcas e produtos, priorizando o essencial; PARA MIM, PARA OS MEUS, indulgência; ENTRE MÃES E MÉDICOS, que representa a dúvida entre a comida materna de casa, e a medicalização da alimentação proclamada por médicos e nutricionistas, e NÃO SOPRE AS VELAS DO BOLO, que representa a potencialização de todo ritual higiênico e sanitário da cadeia alimentar, desde a produção e comercialização, até o preparo e consumo da comida. O inimigo é invisível, mas é possível evitar os meios de transmissão, onde os fluidos nasofaríngeos representam a maior ameaça de contaminação (“não irei comer uma fatia do seu bolo de aniversário com saliva, provar da sua bebida, lamber seu sorvete, comer com seu garfo […]”).

Em detalhes na TABELA I, apresentamos as 9 tendências, com os respectivos hábitos e comportamentos dos consumidores, definidos abaixo de acordo o DICIO – Dicionário Online de Português, no cenário do COVID-19.

TENDÊNCIA – Disposição natural que leva algo ou alguém a se mover em direção a outra coisa ou pessoa; evolução de alguma coisa num sentido determinado; direcionamento comum de um grupo determinado.

HÁBITO – Ação que se repete com frequência e regularidade; mania; comportamento que alguém aprende e repete frequentemente; maneira de se comportar; modo regular e usual de ser, de sentir ou de realizar algo; prática repetida que se torna conhecimento ou experiência.

COMPORTAMENTO – Modo de se comportar, de proceder, de agir diante de algo ou alguém; conjunto das atitudes específicas de alguém diante de uma situação, tendo em conta seu ambiente, sociedade, sentimentos etc.; reação que se tem diante de uma situação; conjunto de ações de um indivíduo observáveis objetivamente, tendo em conta seu meio social; estudo sistemático das reações individuais aos estímulos.

Feira de Santana [BA] - Jucimar

Feira de Santana [BA] – Jucimar

Salvador [BA] - Maria José

Salvador [BA] – Maria José

TABELA I – Tendências, Hábitos e Comportamentos / Cenário COVID-19

TENDÊNCIA HÁBITO COMPORTAMENTO
[i] QUARENTENADO NO CASULO Faça você mesmo; cozinhar; trégua ao alimento industrial e ao plástico proteção; bem-estar; cuidado; afeto; segurança; praticidade;medo
[ii] ATRAVÉS DAS JANELAS Compras online; streaming e lives (culinários ou não); formatos digitais de relacionamento; banda larga Proteção; prudência; segurança; resiliência; medo
[iii] SIMPLES ASSIM Fornecedores e abastecimento local e próximo; pequenos produtores; menos pode ser mais; suprimir etapas compaixão; bem-estar; solidariedade; simplicidade; cuidado; afeto; segurança; confiança; empatia; medo
[iv] VIDA IMUNE Alimentação e suprimentos que reforcem a imunidade e o bom humor (mood food); comida saudável e sustentável (orgânica, biodinâmica, integral, vegana) prevenção; bem-estar; biossegurança; prudência; cuidado; proteção; esperança; medo
[v] FOOD SERVICE IN HOME Delivery alimentar; afastamento do restaurante a quilo; espaço alimentar readequado; comer fora, mas em casa segurança; distanciamento; precaução; resiliência; cautela; medo
[vi] TRADE DOWN Adequação do orçamento familiar através da eliminação e/ou troca de marcas e produtos; priorizar o essencial economia, segurança; confiança; cautela; medo
[vii] PARA MIM, PARA OS MEUS Indulgência; beliscar; mais doce; mais chocolate; álcool para a mão e para a cabeça; fantasia afeto; autopiedade; reconhecimento; fuga; medo
[viii] ENTRE MÃES E MÉDICOS O equilíbrio entre a comida feita em casa e livre de restrições (liberdade + prazer + sabor) e a medicalização do alimento disseminada por médicos e nutricionista (restrição + imunidade + ciência) dúvida; incerteza; prazer; bem-estar; medo
[ix] NÃO SOPRE AS VELAS DO BOLO Higiene; lavar as mãos, as compras, os alimentos …; menos cru, mais cozido prevenção; segurança; cuidado; biossegurança; medo

João Pessoa [PB] - Ricardo

João Pessoa [PB] – Ricardo

Caicó [PB] - Renato

Caicó [PB] – Renato

O medo, de sabor amargo, nada doce, viriliza-se por todos os comportamentos das tendências, pois é o grande catalisador das rápidas mudanças que já estamos saboreando. De acordo com o epidemiologista Marcel Salathé, “o medo não é o problema, mas, sim, como nós canalizamos nosso medo. O medo nos dá energia para lidar com os perigos agora, e se preparar para os perigos mais à frente” (O QUE VEM PELA FRENTE? COVID-19, FUTUROS EXPLICADOS COM SIMULAÇÕES INTERATIVAS). Uma das energias canalizadas do medo é o hábito de cozinhar, presente na tendência “Quarentenado no Casulo”, porém latente em todas as demais tendências. Um hábito (re)conquistado na quarentena, que (re)conecta consumidores confinados as suas origens ancestrais, (re)descobre o amor e o afeto pela cozinha, acalma, passa tempo e promove união e esperança no casulo, mesmo quando a comida é feita apenas para um.

Se “cozinhar faz com que estabeleçamos conexões” (POLLAN, 2009), se “nosso contato mais íntimo com o meio ambiente natural ocorre quando comemos” (ARMESTO, 2004), se “cozinhar é o ato com o qual a cultura surge” (LEVI-STRAUSS), se “a alimentação tem uma função estruturante da organização social de um grupo humano” (POULAIN, 2006) e se “cozinhar é, como diz antropólogos, uma atividade que nos define enquanto seres humanos” (POLLAN, 2009), então, tudo que já temos de tendências e tudo que irá passar a existir, quando se trata da alimentação, com ou sem pandemias, sempre finalizará no ato de cozinhar, seja de forma doméstica, no casulo, ou terceirizada na indústria de alimentos e no food service.

Todo esse processo pelo qual estamos passando irá nos tornar mais fortes, pois haverá avanços das ciências e grandes aprendizados, mesmo com as cicatrizes que marcarão nossa geração e o alto custo, humano e financeiro, que já estamos pagando. Muitos acreditam que crises propiciam reflexões e redefinições, portanto, esse é um bom momento para o ser humano continuar repensando a cadeia global de alimentos e sua necessária sustentabilidade. Temos, entretanto, uma certeza: nossas cozinhas, domésticas ou industriais, não serão abandonadas, pois, continuaremos seres humanos, talvez melhores.

Rio de Janeiro [RJ] - Nanda

Rio de Janeiro [RJ] – Nanda

Salvador [BA] - Denise

Salvador [BA] – Denise

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. ANUGA: The Taste the Future. www.anuga.com. Colônia, Alemanha.
  2. ARMESTO, Felipe Fernández, Comer: uma história. 1ª Ed., Editora Record, São Paulo, 2004.
  3. BELLUZZO, Rosa. Nem garfo, nem faca: à mesa com os cronistas e viajantes. SENAC, São Paulo, 2011.
  4. CASCUDO, Luís da Câmara. História da alimentação no Brasil. Global Editora, São Paulo, 2011.
  5. Cultura e Alimentação – Saberes Alimentares e Saberes Culturais. SENAC. São Paulo, 2007.
  6. DÓRIA, Carlos Alberto. Formação da Culinária Brasileira – Escritos sobre a cozinha inzoneira. 1ª Ed., Três Estrelas, São Paulo,2014
  7. FLANDRIN, Jean-Louis. Et al. Histórias da alimentação. Estação Liberdade. São Paulo, 1998.
  8. FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet. SENAC, São Paulo, 2001.
  9. http://www.urca.br/ceua/arquivos/Os%20direitos%20dos%20animais%20UNESCO.pdf [acesso em: 06dez18].
  10. http://www.visa.goias.gov.br/post/ver/134023/epizootias [acesso em: 06dez18].
  11. https://blog.euromonitor.com/coronavirus-outbreak-to-accelerate-household-wellness-trends/ [acesso em: 11mai/2020].
  12. https://blog.euromonitor.com/covid-19-effect-on-multifunctional-homes/ [acesso em: 11mai2020].
  13. https://blog.euromonitor.com/the-impact-of-coronavirus-in-brazil-uneven-prospects-across-industries/ [acesso em: 30abr2020].
  14. https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-04-13/como-o-coronavirus-vai-mudar-nossas-vidas-dez-tendencias-para-o-mundo-pos-pandemia.html [acesso em: 29abr20].
  15. https://go.euromonitor.com/white-paper-EC-2020-Top-10-Global-Consumer-Trends-PG.html?utm_source=digital&utm_medium=social&utm_campaign=CT_WP_20_02_11_Top%2010%20GCT%202020%20PG [acesso em: 02mar2020].
  16. https://go.euromonitor.com/white-paper-packaged-food-2020-COVID-19-Effect-On-Packaged-Food.html?utm_source=blog&utm_medium=blog&utm_campaign=CT_WP_20_04_30_COVID-19%20Effect%20on%20Packaged%20Food [acesso em: 30abr2020].
  17. https://leonardoalcantara.github.io/covid-19-pt-br/ [acesso em: 18mai20].
  18. https://premium.canalmeio.com.br/edicao/85864/ [acesso em: 23mai20].
  19. https://www.dicio.com.br [acesso em: 11mai20].
  20. https://www.euromonitor.com [acesso em: 05mai20].
  21. https://www.svb.org.br/vegetarianismo1 [acesso em: 06dez18].
  22. https://www.todabiologia.com/doencas/gripe_aviaria_frango.htm [acesso em: 06dez18].
  23. https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2020/04/04/quarenteners-reinventam-varandas-com-novos-habitos-para-viver-a-quarentena.htm [acesso em: 17mai20].
  24. https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2020/05/17/a-quarentena-fez-com-que-as-pessoas-redescobrissem-o-amor-pela-cozinha.htm (acesso em: 17mai20].
  25. https://www.vegansociety.com [acesso em: 06dez18].
  26. ISM: The world’s largest trade fair for sweets and snacks. www.ism-cologne.com. Colônia, Alemanha.
  27. LÉVI-STRAUSS, Claude, O cru e o cozido – Mitológicas I. 2ª Ed., Cosac Naify. São Paulo, 2004.
  28. POLLAN, Michael, Cozinhar: Uma história natural da transformação. 1ª Ed., Intrínseca. Rio de Janeiro, 2014.
  29. POPCORNE, Faith, O Relatório Popcorn. 1ª Ed., Editora Campus Ltda. Rio de Janeiro. 1994.
  30. POULAIN, Jean-Pierre, O homem, o comedor, o animal. Quem alimenta o outro? (L’homme, le mangeur, l’animal. Qui nourrit l’autre?). Les Cahiers de l’OCHA, Paris, 2007.
  31. POULAIN, Jean-Pierre, Sociologia da Alimentação. 1ª Ed., Editora da UFSC, Santa Catarina, 2006.POULAIN, Jean-Pierre, Sociologia da Obesidade. 1ª Ed., SENAC, São Paulo, 2014.Salon Du Chocolat. www.salon-du-chocolat.com. Paris, França.
  32. SAVARIN, Brillat. Fisiologia do gosto. Relógio D’Água Editora. Rio de Janeiro, 2010.
  33. SIAL: The world’s largest food innovation exhibition. www.sialparis.com. Paris, França.

[1] Jean-Pierre Poulain é sociólogo e antropólogo, professor da Universidade de Toulouse-le Mirail e responsável pela cadeira de estudos de alimentos da Taylor’s University na Malásia – Poulain, Sociologia da Alimentação, 2006, p.101

[2] O Relatório Popcorn – Faith Popcorn, 1991

[3] Faith Popcorn, 1986

Muito obrigado aos quarentenados que enviaram fotos, com as vistas das suas cidades, através das janelas dos seus casulos [fotos realizadas entre os dias 22 e 23 de maio / 2020

São Paulo [SP]  - Camila

São Paulo [SP] – Camila

Natal [RN] - Cláudio

Natal [RN] – Cláudio

TENDÊNCIAS: ENTRE INSETOS E TECNOLOGIAS

JuPB1

O artigo abaixo foi publicado na Revista Panificação Brasileira – Edição de janeiro / 2020

2020 está praticamente iniciando e os grandes institutos de tendências mundiais já estão disparando suas previsões para o novo ano. Desde início de dezembro que já temos estudos indicando quais os caminhos para nossa comida do dia a dia em 2020. A feira ANUGA, realizada em outubro de 2019, em Colônia [Alemanha], foi marcada por grandes seminários sobre tendências e por uma grande área dedicada a discutir nossa comida em 2050 [ANUGA Horizon 2050 – Discover Tomorrow’s Food Mega Trends], onde podemos resumir a feira em quatro dimensões:

  1. Uso de Proteínas Alternativas – Insetos e plantas, especialmente, ganham importância como proteínas alternativas de um futuro que já iniciou. Evidentemente, comer insetos passa por processos culturais de adaptação do gosto. Ainda temos repugnância pela palavra “inseto”, mas provavelmente passaremos a degustá-los em formas menos visíveis, como por exemplo, em farinhas para serem agregadas em produtos diversos. Um pão francês, uma barrinha de cereal ou um bolo de fubá enriquecidos com farinha grilo. Ficção? Não, realidade. Iremos, ainda, passar a comer uma infinidade de plantas que ainda não estão no nosso cardápio, iremos inserir mais cerais e vegetais na nossa comida e iremos substituir produtos de origem animal por produtos de origem vegetal. Nada nos impedirá de usar e explorar trigo e cacau em todas as suas dimensões, misturando-os com outros produtos Plant-Based.
  1. Tecnologia Aplicada a Alimentação – Tudo vai estar, ou já está, interligado as tecnologias. Comer, além ter relação com afeto, prazer e saúde, também será um ato associado a tecnologia. Comidas nos chegam através de aplicativos, a tecnologia nas cozinhas e indústrias encurtam tempos e processo e podemos ser “chefs culinários” abrindo apenas embalagens e acionando dispositivos eletrônicos. A “internet das coisas” nos levará a futuros inimagináveis e as impressoras 3D para alimentos será um eletrodoméstico nos nossos lares.
  1. Sustentabilidade – Com seus impactos ambientais, sociais e económicos, sustentabilidade impacta todos os públicos alvos dos produtores alimentares. Não é modismo nem palavrinha para impressionar consumidor. Assim como qualidade, em breve, ou praticamos sustentabilidade com seriedade ou estaremos fora do mercado.
  1. Start-up – A indústria de alimentos está em constante processo de mudança, buscando sempre inovações e invenções, reflexo da evolução e das necessidades dos consumidores. Para empresas jovens, é muito mais fácil e rápido desenvolverem novas ideias e conceitos sem as amarras da tradicional industrial. Especialmente, o segmento dos produtos mais saudáveis (sim, a denominação correta deveria ser mais saudável, pois se lançarmos uma linha saudável, estamos atestando que nosso produto tradicional é lixo, algo não saudável, que não deveria ser comido) ganhou muito interesse das start-ups, e as start-ups estão na mira dos grandes grupos de alimentos, no mundo e no Brasil. Em 2019 os portais da Revista Exame e do G1 publicaram matérias chamando atenção para esse fenómeno, conforme resumo a seguir:
  • Em agosto 2015, a Jasmine foi comprada, por um valor não revelado, pela Nutrition et Santé, subsidiária francesa do laboratório farmacêutico japonês Otsuka, que fatura mais de 14 bilhões de dólares por ano.
  • A americana General Mills, que fatura 18 bilhões de dólares por ano, vem adquirindo marcas de produtos orgânicos para incrementar seu portfólio desde o fim dos anos 90. Em setembro/2019, pagou 820 milhões de dólares para se tornar dona da Annie’s Homegrown, empresa de alimentos orgânicos da Califórnia.
  • A fabricante americana de sopas Campbell ingressou nesse mercado em 2012, ao comprar uma empresa de sucos naturais. No ano seguinte, arrematou a Plum Organics, produtora de comida orgânica para bebês e crianças.
  • Lá fora já é comum que, antes de parar nas mãos das grandes, essas empresas recebam capital de investidores. Foi o caso da americana Food Should Taste Good, fabricante de salgadinhos sem glúten, colesterol ou gordura trans, que recebeu investimento do fundo Sherbrooke Capital em 2007 e foi vendida à General Mills em 2012.
  • No Brasil, já é possível ver os efeitos do impulso de investidores financeiros nessa área. A trajetória da Mãe Terra, com sede em Osasco, na Grande São Paulo, demonstra exatamente isso. Em 2013, a empresa vendeu 30% de seu capital ao fundo BR Opportunities, que tem o publicitário Nizan Guanaes em seu conselho consultivo. Com crescimento anual de 30% e valor não revelado, a Unilever comprou a Mãe Terra em 2017.

Voltando a realidade do novo ano, temos o Innova Market Insigths [www.innovamarketinsights.com], que divulgou as cinco principais tendências que impulsionam o desenvolvimento de “Sweets” e “Snacks”. São elas:

Storytelling: Winning with Words – Vencer com palavras através de histórias bem elaboradas que possam despertar interesse nos consumidores. Logicamente, histórias associadas a produtos excelentes.

The Plant-Based Revolution – A revolução do vegetal, que assume protagonismo importante, não somente para veganos e vegetaríamos, mais para qualquer consumidor que deseja um melhor equilíbrio à sua mesa. Some-se aqui, ainda, uma grande porção de sustentabilidade, devido a redução da proteína animal. A indústria do trigo e do chocolate com alto teor de cacau, sem leite, já está naturalmente inserida nesta tendência, desde que traga novidades e agregue outros ingredientes vegetais nas suas receitas.

The Sustain Domain – 10 em cada 10 institutos de análise incluem sustentabilidade como o grande drivedas tendências.

The Right Bite – Porções, minis porções, do tamanho da nossa mordida ou a mordida certa. Atenção para o que iremos embalar e vender em 2020.

Tapping into Texture – No campo sensorial, textura ganha importância. Excelente oportunidade para os produtos derivados do trigo com fermentação natural, rústicos, ancestrais, com inclusões de sementes, misturados com outros sereais, etc. A confeitaria, rica em texturas variadas, também poderá trazer um universo de possibilidades para consumidores ávidos por novidades sensoriais.

Se voltarmos um pouco no tempo, podemos citar três grandes acontecimentos mundiais que discutiram e apresentaram tendências e preocupações com o futuro da alimentação:

Setembro de 2015 – Líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em Nova York, e decidiram um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a qual contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS], afirmado que para pôr o mundo em um caminho sustentável é urgentemente necessário tomar medidas ousadas e transformadoras. Os ODS constituem uma ambiciosa lista de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a serem cumpridas até 2030. Se cumprirmos suas metas, seremos a primeira geração a erradicar a pobreza extrema e iremos poupar as gerações futuras dos piores efeitos adversos da mudança do clima. As ODS 2, 3, 6 e 12, especialmente, apresentam relação direta com comer e beber.

Outubro de 2018 – Em Paris, França, o SIAL (Salão Internacional da Alimentação) apresentou o FUTURE LAB, trazendo quatro eixos de discussões: [1]alimentando 9,8 bilhões de pessoas em 2050: proteínas alternativas?, [2]a cozinha do futuro: comida caseira digitalmente assistida ou robôs?, [3]alimentação e saúde: produtos personalizados no futuro e [4]transparência, rastreabilidade: imperativos futuros.

Abril de 2019 – A discussão chegou ao Brasil através do Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, com a exposição temporária PRATODOMUNDO – COMIDA PARA 10 BILHÕES, levantando um questionamento essencial para o futuro da humanidade: como alimentar, na década de 2050, uma população de 10 bilhões de pessoas com qualidade nutricional, diversidade de produção e sustentabilidade?

Até pouco tempo atrás, comida era apenas comida. Mas, hoje, comida é tudo menos “só comida”. Ela deixou de ser somente sustento para virar símbolo de ativismo, ética, posição política, luxo, status, bandeira de resistência e até motivo de discórdia entre tribos urbanas. As pessoas se sentem pressionadas a comprar e comer de forma sustentável, saudável e, acima de tudo, responsável, conforme apresentado no texto “Afirmações das particularidades individuais e evolução dos modelos alimentares”, do sociólogo da alimentação Jean-Pierre Poulain. Cabe a cada um, responsável pelo seu negócio de alimentação, seja uma padaria, confeitaria, chocolataria, restaurante ou qualquer outros operado do food serviço, formal ou informal, posicionar sua empresa de acordo com o seu publico alvo, mantendo-se atento e ligado nas tendências do comer e beber e no comportamento do consumidor.